Pergunta ao(s) bruto(s)

La Guerre Aux Escus - Mariette, Pierre I , Graveur - Brueghel d'Enfer, Pieter , Auteur du modèle - 17e siècle - Musée Carnavalet, Histoire de Paris

Horrível – desequilibrado – desarrumado – desajustado – desorganizado – grosseiro = bruto

Por que as coisa são brutas? As coisas são brutas mesmo? É bruto para se buscar o belo? O bruto é um modo de vida? A vida é bruta para que cada um a esculpe e a torne bela?

Se for realmente uma precondição todos devem ser avisados que o bruto é um estado passageiro e, na condição humana, ele deve ser superado.

Mas não parece que é isso. O bruto é o mundo, pouca gente escapa dele. O bruto é o belo do liberalismo? Aqui, nessa condição, o bruto é ser belo. Bruto não reflete, bruto não quer ter obstáculos . Bruto quer de qualquer maneira o que quer. Bruto acumula brutalidade, e aí está sua beleza perante outros brutos.

A brutalidade tem que construir um ‘belo’ por onde ele vai passar ou descansar. São casas, carros, lugares Pequenos ‘belos’ no meio da brutalidade.

Há todo um esforço para ser bruto. Há toda uma estética para servir ao bruto. Há equipamentos, comidas, roupas, filmes, livros, bebidas, carros, espaços, viagens, companhias e companhias. O bruto está ‘par tout’.

O bruto é o tudo. A mulher também não escapa da brutalidade. A ela lhe é servida a bruteza feminina. Tem que ser bruta sem perder a ternura.

A tecnologia da informação (vulgo digital) é o espírito do bruto. É ela que instiga o bruto a continuar. Não precisaria falar, mas o bruto está sempre acompanhado do feio. Bruto e feio que [ilegível] em artificiais belos.

Falando em companhia, não podemos nos esquecer do grotesco. Grotesco, o ridículo, disforme, o repulsivo, bizarro, estapafúrdio, tosco, malfeito. Seres grotescos, uma profusão deles.

E o feio, o bruto e o grotesco se separam? Não, não se separam. As três características funcionam com um [inelegível]. Cada um é uma pecinha, e se combinam conforme eles se movem.

Um bom observador pode perceber cada um dos elementos. Do bruto separamos os movimentos pesados, o cheiro da insistência, o olhar de forçado. O feio vai além da aparência – que paradoxalmente, o bruto pode se apresentar muito bonito. O feio é percebido no pensamento. Basicamente é limitado ou é um sistema de reprodução. E como pensamentos se concretizam em atos, suas ações (palavras, gestos, expectativas, projeções) são desinteressantes. São desprovidas do belo.

Do grotesco temos os rococós, seja em objetos que o rodeiam ou ornamentos psicológicos ou símbolos de ostentação.

Podemos dar muitos exemplos de pessoas portadoras dessa tríade. Mas o grotesco/feio/bruto é uma gosma que envolve todos. Para que fulanizar?

A sociedade expele esses elementos. Mas onde encontrar fissuras?

Imagem: La Guerre aux Ecus, Pierre Mariette, circa 1600

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