Quando viajamos basicamente usamos dois dos nossos sentidos, o paladar e o olhar. Conscientemente. Mas tem outro que não damos atenção, a audição.
Na Itália prestar atenção nos sons pode ser – e é- tão saboroso como um prato de comida ou tão deslumbrante como apreciar uma obra de arte ou sua arquitetura.
Um dos sons mais óbvios da Itália é o idioma. O italiano é disparadamente uma das línguas mais simpáticas do Ocidente.
Mas, além da língua, existem outros três tipos de som encontrados em todas as cidades italianas, sem exceção. São eles o dos sinos, dos ‘motorino’ e das sirenes das ambulâncias e viaturas policiais.
Para quem escuta a Itália, chegar no país não é apenas descer do avião, passar pela imigração e entrar no hotel. A certeza de estar na Itália é na manhã seguinte ao desembarque depois de uma noite de sono. Para os escutadores a viagem sonora começa ao acordar com os sinos. Isso vai acontecer onde quer que o escutador acorde, não tem erro.
Outro som característico são as motos, lambretas ou scooters como conhecemos, mas que lá são chamadas de ‘motorino’. Elas estão por todos os lados paradas e andando. São populares por serem rápidas e entrarem nas diversas vias estreitas das cidades italianas.
Mesmo não as vendo, o som emitido por elas é inconfundível. Não é um som estridente como as motos daqui – em comparação com as de São Paulo – nem possuem escapamento aberto. É um som abafado e agudinho. Pode parecer esquisito, mas o som dos ‘motorino’ é confortável.
Se algo existe para fazer comparação, podemos perceber o som como um inseto, mas não um de som agudo. Os percebemos não pela velocidade, mas pelo som que emitem, mas pelo som. Não é à toa que são chamados de vespas.
O som das sirenes também é peculiar, em comparação com o que temos aqui nas viaturas do Brasil. Apesar de significar que algo ruim ou trágico está para acontecer ou aconteceu, as sirenes italianas possuem um ritmo mais lento e cadenciado. As daqui são mais ardidas, nervosas.
Para o escutador em viagem, as sirenes italianas causam um sentimento contraditório. Seria um allegro ma non troppo.
Ameaça aos sinos
O prazer do escutador parece que pode ser ameaçado. Em Pienza, Toscana, os badalos do sinos incomodaram os turistas , alguns reclamaram que não conseguiam dormir e outros que eram acordados no meio da noite. A prefeitura, cedendo a esses turistas, resolveu interromper os badalos da meia-noite até às sete da manhã.
Para um verdadeiro escutador, sinos durante a noite e a madrugada, são mais um motivo para embalar o sono.